sábado, 2 de março de 2013

JUSTIÇA DETERMINA QUE PEÇA INSPIRADA EM UM FAMOSO CASO POLICIAL SAIA DE CARTAZ

Outro dia me chamou a atenção uma notícia acerca de uma peça teatral montada pela Cia de Teatro Os Satyros e a razão da minha atenção é o fato de que o espetáculo tem como recorte ou pano de fundo, entre outras, uma famosa tragédia real em que uma criança teria sido jogada do andar de um prédio. Quanto ao caso em si não é necessário ir ao deslinde de detalhes, porque todos bem sabem de qual se trata.

O fato é que a peça intitulada “Edifício London” foi escrita pelo talentoso dramaturgo Lucas Arantes que também lançou o texto em forma de livro editado pela Editora Coruja, o qual tratei de comprar e está na minha estante aguardando a sua vez para ser “devorado”.

Mas eis que, nesta manhã de sábado, tomei conhecimento de que a família de uma das partes envolvidas diretamente na tragédia real tratou de acionar a justiça para retirar a peça de cartaz, logrando êxito em tal intento.

O pior é que infelizmente não tomei como surpresa tal notícia. Eu imaginei que, mais cedo ou mais tarde, iriam fazer exatamente isso. Foi ingenuidade dos produtores envolvidos imaginarem o contrário. Infelizmente as coisas funcionam assim, mas sinceramente espero que o imbróglio não acabe aqui, ao menos não dessa forma, pois, por outro lado, a Cia em questão também tem o direito de se defender e tomar as providências que entender necessárias. Já ouviu o bordão de que um processo pode ser um bumerangue? Nunca duvide disso. Pense mil vezes antes de acionar a justiça, porque se você não estiver bem fundamentado, a depender do caso estará f*****.

Em contrapartida, também acho que esse conflito de bastidor, bem menos glamoroso que o conflito fictício, em última instância também possa se transformar em um chamariz para o espetáculo (se a situação for revertida). Como diz um bom e velho ditado popular lá do nordeste: “Forró que não tem briga, não é forró”.

Mas quando se vai para um forró, “se vai pra um bom rala coxa” e ingenuidade definitivamente não é um elemento que deva se fazer presente. Pois que no meio desse rala-rala, percebo que houve uma certa ingenuidade por parte dos produtores do espetáculo que revelaram sobre em que caso o espetáculo era inspirado (ao menos lendo o que foi divulgado chego a essa conclusão).

Só acredito que não deveriam mencionar o caso real e contemporâneo. Deveriam deixar que o público, por si só fizesse a ilação entre os dois pontos da questão. E se a Justiça fosse acionada não haveria provas de inspiração na realidade. Até porque, casos de tragédias envolvendo entes familiares não são novidades no meio cênico. Inclusive foi divulgado que Edifício London também teve inspiração nas peças teatrais Macbeth, de William Shakespeare e Medéia, de Eurípedes. E estas por si só seriam suficientes para fundamentar defesa em Juízo no meio de eventual dissídio.

Que se fizesse como na época da ditadura: Escrevesse ou dissesse o que quisesse, mas nunca se entregava o ouro para a censura, mesmo o público sabendo do que se tratava.

A questão é que vivemos numa “democracia”, nos desarmamos e perdemos o traquejo para lidar com os detratores ao exaltarmos nossas convicções de peito aberto por acreditarmos na liberdade de opinião e pensamento. Em contrapartida, a censura ganhou novos contornos e entre classificações indicativas e outras coisas mais, vira e mexe, vem com toda a força!

 Também estou no twitter: @TonnyCruzBR

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