segunda-feira, 23 de julho de 2012

O PROBLEMA DO CINEMA NO BRASIL É O ROTEIRO?

Você já deve ter ouvido falar que o problema do cinema brasileiro é o roteiro. Há meia verdade nessa questão, assim como obviamente, meia mentira. Isso porque é necessário avaliar o que se passa na linha de produção dos filmes e o que de fato acontece com os seus roteiros até que alcancem o seu resultado final.
Da forma que está, o roteirista é o profissional mais inglório de toda essa linha de produção, porque quando entrega o seu roteiro escrito aos diretores ou produtores, perdem por completo a sua relação com “seu filho” e os outros decidem criá-lo da forma que bem entendem.
Eu explico, é que no Brasil praticamente não há a figura do “roteiro autoral”, ou seja, do roteiro que traga em si a completa intelectualidade do roteirista, já que alguns diretores ou produtores, quase sempre, decidem mexer no que está ali escrito. Um absurdo!
O tratamento dispensado ao roteiro é o equivalente ao dado a uma mulher de “beira de estrada”. Quem pagou se acha no direito de ir metendo a mão onde bem entender.
É grande o número de roteiristas que se desapontam com essa realidade, mas é fato também que essa relação nem sempre é um “mar de rosas” e de vez em quando ocorre uma rusga aqui ou ali.
Então se a questão é vista com este “pequeno detalhe”, o problema do cinema brasileiro não é o roteiro, mas o tratamento que é dado na forma de se utilizar um roteiro já escrito. Porque quando alguém que não tem o conhecimento técnico específico para a sua escrita, se aventura a reescrevê-lo, as consequências podem ser catastróficas e teve até caso de roteirista que pediu para que seu nome fosse retirado dos créditos do filme, por conta do resultado desastroso do roteiro definitivo.
Então a coisa fica da seguinte forma: se o roteiro é bom e o filme faz sucesso, o crédito vai para o diretor, mas se o filme fracassa por um roteiro ruim, o primeiro a “tomar no toba” é o roteirista.
Portanto, antes de falar mal dos roteiros dos filmes nacionais, dizendo que eles são ruins ou que lhe faltam ousadia e criatividade (o que na maioria das vezes é verdade), saiba que existe todo um processo onde muitas mãos se enfiam onde não deveriam.

Um comentário:

  1. No cinema brasileiro, acho que o pior dos males é o diretor. Há roteiros ruins, mas não há como saber se o diretor estragou um bom roteiro. Vide AS SETE VAMPIRAS: é um roteiro muito divertido, mas o filme é uma catástrofe, irreconhecível pra quem leu o roteiro.

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