Como lhes disse na
postagem anterior, tenho retirado da gaveta alguns trabalhos, porque sair da
gaveta é o primeiro grande passo para pessoas que estão na minha condição: A de
levar a sério, o até então hobby da escrita, para tentar compartilhar de forma profissional
“os meus deliciosos devaneios”.
Inicialmente, permitam que
eu me explique: O “levar a sério” não implica dizer que nunca tenha tratado a
escrita estando comprometimento com o resultado final do que pretendia criar.
Só que eu criava tão somente para mim, sem qualquer preocupação em compartilhar
com terceiros, muito menos em me tornar um escritor ou roteirista profissional.
De qualquer modo, agora estou
constatando a existência de um “fenômeno” que dizem acometer os escritores em sua
relação com as próprias criações. Esse fenômeno é o decorrente do “distanciamento
da obra”, ocasionado principalmente em função da passagem do tempo.
Certamente vocês já ouviram
aquele bom e velho brocado de que “O tempo é o senhor da razão”. E não é que
para o caso em tela esse ditado popular cai como uma luva? Agora eu posso
testemunhar a favor dos criadores que sempre afirmaram isso, porque atualmente,
é exatamente o que estou vivenciando junto as minhas obras outrora engavetadas.
Rascunhos de roteiros de
filmes, de livros, de peças de teatro, são como se não fossem totalmente meus.
Obviamente reconheço minha intelectualidade neles (para o bem ou mal); mas essa
percepção aparece desprovida do “amor” oriundo do envolvimento latente e
imediato com a obra.
Como todos sabem, o amor
é fogo que arde sem.... Puts, decalcar “aquele outro” agora é foda! O fato é
que o amor criativo, por mais fugaz que seja; vai se enfraquecendo na medida em
que o tempo vai passando. Poxa, até aqui, o amor é efêmero!
Em contrapartida, estou
sendo acometido pelo senso crítico de uma forma ainda mais acentuada e os
efeitos disso são bastante curiosos, pois, determinadas obras, que à época da
sua criação, eu achava muito boas, agora percebo ser melhor que continuem a
ficar no canto mais inalcançável da minha gaveta. Por outro lado, descubro
coisas bem bacanas que chego a me questionar se fui eu mesmo que as escrevi. E
me desculpem a babação, mas todo pai também tem o direito de lamber a sua cria.
Por que só as mães?
É exatamente em torno das
coisas que acho bacanas que estou me debruçando e fazendo os retoques que
entendo necessários. Afinal, eu sou o tipo de criador que normalmente cria “em
cima” do que imediatamente capto por aí: Um fato, uma notícia, uma pessoa, uma
experiência própria ou alheia... Dessa forma, a contemporaneidade entre a
percepção do objeto inspirador e o desenvolvimento da idéia, acaba sendo uma
característica recorrente em minhas obras. Isso acaba por influenciar a forma
com a qual desenvolvo a minha narrativa. E a forma de materializar a ideia, quando
as escrevi há muito tempo atrás, pode não funcionar na atualidade.
Tirando daqui, colocando
ali, modificando por acolá; eu vou realizando uma verdadeira maratona de
adaptação no intuito de torná-las mais interessantes aos olhos dos meus atuais
anseios.
É um trabalho que tento
fazer de forma minuciosa e sem alterar a verdadeira essência das criações. Dá
um trabalho danado, mas com as cautelas indispensáveis, espero que consiga torná-las
joviais sem fazer parecer que usaram botox. Afinal, o amor acaba, mas o
respeito sempre deve permanecer. Não é o que também diz a sabedoria popular?
Também estou no twitter:
@TonnyCruzBR
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